Nesse carnaval eu me retirei da civilização e fui para o meu lugar preferido para ler, o meu inferno pessoal, a fazenda. Eu realmente odeio aquele lugar, mas convenhamos, aquela paz onde não há radio, não há televisão nem computadores, não há barulho de carros e pessoas e muito menos poluição, é o lugar perfeito para se ler e desde quando eu leio sempre que posso, sempre que vou até lá, eu estou sempre com um livro para ler ouvindo os pássaros. O livro da vez foi Travessuras da Menina Má, de Mario Vargas Llosa.
Esse livro conta a historia de Ricardo Somocurcio um peruano que desde pequeno sonhou em viver toda a sua vida em Paris. E ele se sente totalmente completo quando esse seu desejo acontece e ele vai trabalhar como tradutor para a Unesco. Mas vindo de seu passado, reaparece Lily, agora camarada Arlette, um amor de infância que ele nunca soube esquecer.
Agora Lily, sempre trocando de nome e marido, vem e vai de sua vida. Fazendo-o atiçar seu eterno amor por ela e depois deixando-o quebrado. Por mais que seja sádico, Ricardito – como a nossa menina má o chama – ama mais e mais essa compatriota da qual nunca soube seu nome real.
Esse romance é simplesmente arrebatador. No inicio eu achei que iria me decepcionar, mesmo nunca tendo me decepcionado com as indicações da amiga que me indicou tal livro, mas com o tempo eu fui me apegando a leitura, e a Ricardito, e acabei me apaixonando tanto quanto ele pela Menina Má.
Odiei ela muitas vezes, por seu egoísmo, mas a admirei na maioria das vezes. Eu me via como ela, querendo sempre mudar de vida, sempre mais. Tão aventureira, tão pragmática, tão ambiciosa. Juro que quando terminei o livro eu parei e pensei: “Será eu a próxima Menina Má?”. Ok, sei que não devo ser comparada a tal personagem, a qual entra nos meus personagens preferidos, mas a maioria dos seus princípios são os mesmos que os meus. Então, eu me dou o direito sim de me comparar a ela.
Também me peguei pensando, “Haverá outras Meninas Más neste mundo, certo?” e acredito que eu tenha razão ao pensar assim. Sempre haverá aquelas pessoas, não precisam necessariamente mulheres, que serão capazes de mover céus e terras, deixar “bons meninos” apaixonados por elas e quebrar milhares de corações apenas para ter uma vida melhor, com mais aventura, mais paixão, mais historia. Eu mesmo desejo isso para a minha vida, eu não quero morar nessa cidade para sempre, eu quero viver a cada dia algo diferente, mesmo que seja algo que demorará a acontecer. Mas eu posso sonhar, certo?
E eu espero, que todos os Ricarditos, os coisinhas atoa, os bons meninos estejam a espera de suas meninas más, para quando elas precisarem, cuidar.