Crescer, por Érica


Eu li vários livros. Isso não é segredo de ninguém. Mais de 50, segundo o meu skoob. Mas se tem um que eu gosto mesmo é um dos únicos de autor brasileiro que tenho, Uma Luz no Fim do Túnel de Ganymédes José. A historia se passa na década de 70 no meio das drogas de Curitiba. Os jovens daquela época descobriam os “milagres” das drogas, a liberdade da juventude, ainda sem as modernidades de nosso séc. XXI, eles ainda estão se acostumando com a TV a cores, e nem pensam em computadores. O bom daquela época era Drogas, Cigarros, e Sexo. Para entender onde eu vou chegar tem que conhecer nossos dois personagens principais. Érica & Lúcio. Érica é uma adolescente comum, poderia até ser confundida como uma adolescente de nossa época, pois tem os mesmos pensamentos e duvidas de muitas garotas de hoje. O que ela mais queria é que fosse rica, ter “a tal televisão colorida”, e ter todos aqueles sapatos que passa na TV. Ela sofre com a mãe nervosa que mima a irmã mais nova, e o pai que não faz as mesmas coisas de quando ela era criança. Mas também temos Lúcio, um garoto comum que resolve ser seguidor de Gás, um traficante, que é o ídolo de Lúcio. Aos poucos Lúcio entra no mundo das drogas e roubos. Até que ele e Érica se encontram e o mundo dos dois se misturam. Os primeiros capítulos que visam Érica (o 1º, o 4º e o 8º) são feitos em forma de diário, em que ela vai colocando seus dias do ano. Quando ela conhece Lúcio ela não escreve mais em seu diário, a ultima pagina sai no capitulo 9, bem no finalzinho, dizendo “que encontrou um garoto de macacão azul que mexeu com seus alicerces”. Se você espera que Uma Luz no Fim do Túnel seja um romance com um casal que luta contra as drogas pode largar este livro já, isso é um drama. Os dois se entram nas drogas e vão perdendo a vida aos poucos, mesmo sem perceber. Mas porque eu vim dizer isso? É apenas um livro quase totalmente desconhecido. Ele era de uma prima minha que morou com minha mãe quando nova e eu fiquei com ele para mim, é bem trágico sim, e o li quando nova, talvez seja ai que comecei esse meu “amadurecimento precoce”. Mas o que realmente me chamou a atenção é uma passagem do livro, de uns dos dias do diário de Érica, na verdade a primeira pagina e o primeiro dia. E comecei a me sentir como ela. Ela mostrou tão sabia, e tão carente. Não venha me dizer que às vezes não sente como ela. A gente cresce e perde coisas do mesmo jeito que ganhamos. Érica pode ter tido o fim mais trágico da historia, mas ela sofria com coisas tão banais e que as adolescentes jogam fora como se fosse descartável.

10 de março
Meu pai nunca gritou comigo. Quando eu era menor, ele sempre me pegava no colo, me beijava e dizia: “Como é bonita a minha menina” Mas a mãe é diferente. Por quê? Ela está sempre nervosa e, por qualquer coisa, perde a cabeça. Eu detesto que briguem comigo. Fico com vergonha, as vizinhas comentam, me dá vontade de morrer! Por quê a mãe é assim? Por que ela vive se queixando de tudo? E por que, de repente, meu pai não me abraça mais? É tão chato a gente crescer porque vamos perdendo tudo, tudo. Até o carinho.
Capitulo 1 – O diário de Érica. Uma Luz No Fim do Túnel.
Ganymédes José. Pagina 5.

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